Grupo Kirin encerra acordo com cervejaria de Mianmar após golpe de Estado

O golpe de Estado aplicado pelos militares na frágil democracia de Mianmar está rendendo várias críticas e sanções de diferentes países. O presidente Joe Biden, por exemplo, anunciou bloqueio de bens do governo nos EUA que somam cerca de US$ 1 bilhão (R$ 5,3 bi).

Mas não são apenas governos que estão colocando o país asiático na geladeira, grandes empresas também. Entre elas, a gigante japonesa de bebidas Kirin Holdings, que está abandonando sua parceria com uma cervejaria de Mianmar controlada por generais militares.

Grupos de direitos humanos já protestavam há algum tempo sobre a parceria da Kirin com a cervejaria do país, o que ficou praticamente insustentável após o golpe. Em comunicado, a Kirin disse que estava “profundamente preocupada” com as ações dos militares e que “tomaria medidas para extinguir” os negócios no país, de acordo com o jornal inglês Guardian.

A Kirin tem o controle acionário da Myanmar Brewery e da Mandalay Brewery, empresa que pertence a um grupo controlado por militares, a Myanma Economic Holdings.

Mesmo que encerre o acordo com a Myanma Economic Holdings, a Kirin não deve deixar totalmente suas operações no país, e continuará operando com outras marcas de seu grupo presentes em Mianmar.

O grupo Kirin investe em cervejarias de vários países. É dono, por exemplo, de 24,5% da famosa Brooklyn Brewery, dos Estados Unidos e com forte presença aqui.

No Brasil, a Kirin chegou a formar a Brasil Kirin ao adquirir a Schincariol no início da década passada. Entre outras marcas, tinha em seu portfólio a Baden Baden, a Eisenbahn e a Devassa. O negócio não durou muito e a subsidiária brasileira foi vendida para o grupo Heineken em 2017.

Ainda sobre Mianmar, a Kirin explicou em nota que “decidimos investir em Mianmar em 2015, acreditando que, por meio de nossos negócios, poderíamos contribuir positivamente para as pessoas e a economia do país ao entrar em um importante período de democratização. Dadas as atuais circunstâncias, não temos opção a não ser encerrar nossa parceria de joint venture com a Myanma Economic Holdings, que fornece o serviço de gestão de fundos de previdência para os militares.”

Ativistas pelos direitos humanos, como o australiano Tim O’Connor, comemoraram a decisão da Kirin, mas Tim comentou que “é uma pena que tenha sido necessário um golpe militar para que eles finalmente avançassem no que sempre foi um empreendimento que entregou grandes somas de dinheiro aos militares de Mianmar, acusados ​de graves violações dos direitos humanos.”