Mesmo com pandemia, Brasil fecha 2020 com 1.383 cervejarias, aumento de 14,4%
Com um terço de 2021 já para trás, saiu finalmente o Anuário da Cerveja 2020, divulgado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
De acordo com os dados do ano passado, o Brasil fechou com 1.383 cervejarias, 174 a mais que em 2019, representando um crescimento de 14,4% —seriam 204, mas outras 30 cancelaram o registro.
Crescimento do setor cervejeiro em ano marcado pela pandemia? Pois é. Mas os 14,4% ficaram bem abaixo dos 36% de 2019 (quando pulou de 889 para 1.209). Em meados daquele 2019 o país havia chegado à sua milésima cervejaria.
“Os números são muito aquém do potencial da curva ascendente que o mercado cervejeiro vinha colhendo, mas entendo que ainda não refletem totalmente o cenário da pandemia”, comenta Carlo Bressiani, fundador da Escola Superior de Cerveja e Malte, em Blumenau (SC).
Para Bressiani, boa parte do número apresentado em 2020 reflete o planejamento feito em 2019, em um cenário pré-pandemia.
“O ciclo de implantação de uma cervejaria é longo, inicia com meses —às vezes anos— de antecedência, com o estudo e a encomenda de equipamentos, as alterações estruturais necessárias no espaço que vai receber a planta”, explica.
“Os investidores e empreendedores que estavam com esse processo em andamento, concluíram a implantação dos seus negócios e iniciaram a operação, mesmo que num cenário mais lento que o desejado”, completa Bressiani.
Foi o que aconteceu com dois brewpubs de São Paulo que engordam os números de 2020: Tank Brewpub, em Pinheiros, e Soma Cervejaria, em Moema. Nos dois casos, os espaços estavam se preparando para a abertura quando veio a pandemia. Acabaram abrindo mesmo em um período de restrições presenciais.
“Nós idealizamos o Tank em 2018 (marca, nome, conceito, operação etc). Em 2019 compramos os tanques, definimos a localização e fizemos todo o projeto de arquitetura e de fábrica. E só em 2020 contratamos a construtora que iniciou as obras algumas semanas antes da pandemia”, lembra Julia Fraga, sócia do brewpub de Pinheiros.
Das 204 novidades de 2020, 44 são de São Paulo (que totaliza 285 cervejarias), 27 de Santa Catarina, 23 do Rio de Janeiro e 22 do Rio Grande do Sul. É a primeira vez também que o anuário traz uma cervejaria no Acre, a Seringal Bier, inaugurada na capital, Rio Branco.
Santa Catarina passou a ser o estado com a melhor relação cervejaria por habitante: uma para cada 41.443 pessoas —São Paulo é o sexto nesta tabela, com uma cervejaria para cada 162.419 habitantes.
Voltando ao número de cervejarias que fecharam (apenas 30 durante a pandemia), Carlo Bressiani também acha que pode estar havendo uma subnotificação. “Algumas fábricas suspenderam suas atividades temporariamente, mas seguem com registro no Mapa. Ou venderam suas estruturas para marcas mais consolidadas.”
Para várias pessoas do setor, o primeiro semestre de 2021 ainda deve fazer alguns estragos, e essa retração só será sentida no próximo anuário.
