Após abrir o caminho, Cervejaria Nacional chega aos 10 anos e traz rótulo histórico

“Geladas, sim; estúpidas, nunca”. Esse era um dos slogans criados pela Cervejaria Nacional há dez anos, quando tinha que batalhar para catequizar clientes que ainda pediam a bebida “estupidamente gelada”, recorda Glauco Ciasca, um dos sócios da casa, citando as várias vezes em que consumidores reclamavam da temperatura da cerveja.

Inaugurada em 25 de maio de 2011, a Cervejaria Nacional fez o caminho das pedras e pavimentou o terreno para todo um mercado de cervejas artesanais que ainda estava engatinhando. “Não existia nada parecido em São Paulo”, conta Ciasca. Apesar de o nome brewpub estar um pouco mais em voga hoje, eles ainda preferem se intitular fábrica-bar.

Infelizmente o aniversário não chega no melhor momento nem para a Nacional nem para o setor como um todo. Ainda impactado pelas medidas restritivas, o espaço sofre há mais de um ano com horários reduzidos e distanciamento, ainda que compreenda a necessidade das regras sanitárias.

“Acho que quem está aberto hoje é gente que tem muita força de vontade e acredita que a coisa vai melhorar, além de ter uma reserva”, avalia Ciasca, que conta que a sobrevivência durante a pandemia passou pelo equilíbrio de cortes severos na estrutura e no pessoal com algum capital de reserva.

Há dez anos não tinha pandemia, o que não quer dizer exatamente que as coisas foram fáceis. Apesar de a abertura ter sido em 2011, a história da Cervejaria Nacional começou alguns anos antes, em 2006, quando Luis Fernando Fabiani começou a levar as suas cervejas caseiras, sucesso entre amigos, para outros espaços.

A primeira fábrica (sem bar) foi na rua Simão Álvares, também em Pinheiros, com o nome Nacional FT. A modesta tiragem de 500 litros era o suficiente para abastecer alguns bares, entre eles, o Drake’s Bar & Deck, simpático pub dentro do Centro Brasileiro Britânico que servia a brown ale do Nacional —a cerveja está sendo relançada, como Drake’s Ale, para marcar o aniversário (leia mais abaixo).

O Drake’s fechou, mas seu sócio se juntou a Fabiani e outros amigos para a empreitada da grande fábrica-bar no número 604 da rua Pedroso de Morais, em Pinheiros. Sua capacidade de produção subiu significativamente no novo espaço, de 500 para cerca de 10 mil litros por mês.

“Quando mudamos eu tinha a possibilidade de fazer diversas receitas, mas a grande questão, de expectativa e também de ansiedade, era que a partir dali poderíamos experimentar nas receitas e ter o retorno imediato do público, que ia incluir conhecedores mas também pessoas que iam tomar ali, pela primeira vez, receitas bem diferentes do que estavam acostumados”, lembra Fabiani.

O primeiro ano foi de muita paciência e instrução para bebedores que não conheciam estilos e reclamavam até da falta do colarinho.

Desde o dia 1 a Cervejaria Nacional apresentou a carta que até hoje é referência no bar e hoje conhecida pelos frequentadores. São cinco estilos: a Y-iara (pilsen), Mula (india pale ale), Kurupira (amber ale), Domina (weiss) e Sa’si (stout). “Acho que 99.9% das pessoas adoravam fazer selfies com a régua de degustação com os cinco estilos”, brinca Ciasca, lembrando da novidade no serviço para a época.

Além das big 5, a fábrica produz frequentemente rótulos sazonais, são mais de 20 variedades a cada ano. Depois do começo difícil para se estabelecer, a Nacional surfou no boom das artesanais. 

Em 2014, a cervejaria, já bem-sucedida, resolveu expandir a marca e abriu uma unidade em Ribeirão Preto, dentro de um shopping. “Tudo que podia dar errado, deu”, conta Ciasca, listando problemas da localização ao preço. A aventura no interior durou apenas um ano.

Já a crise provocada pela Covid-19 obrigou a cervejaria a reduzir drasticamente sua produção, que caiu pela metade —nos meses mais difíceis do isolamento, ficou em apenas um terço.

Apesar das dificuldades impostas pela pandemia, no entanto, a Nacional tem encontrado no delivery uma boa saída. Além do espaço de Pinheiros, abriu neste ano um lugar apenas para entrega ou retirada no Tatuapé, zona leste da cidade.

“Tem custos na fábrica que são os mesmos, produzindo mil ou 10 mil litros”, explica Ciasca, que viram na pequena filial uma forma de dar vazão à produção.

“Na cervejaria recebíamos gente de todas as regiões. Vinha cara da zona norte, da zona leste… O delivery tem uma questão ‘regional’. Para quem mora a 15 km de distância fica caro, só o frete acaba custando mais que a cerveja”, conta o sócio. 

Uma pesquisa levou os sócios a decidirem pela zona leste, com menos concorrência que a norte, por exemplo. 

“[A unidade do Tatuapé] está melhor do que a gente previa para os primeiros meses”, comemora Ciasca. Para ele, a força do delivery é uma das coisas que veio para ficar com a pandemia.

Hoje a Cervejaria Nacional remete à tradição, qualidade, aconchego. Se o bairro de Pinheiros se tornou obrigatório nas rotas cervejeiras, muito se deve aso seu pioneirismo Que venham mais de dez anos.


Cerveja dos 10 anos
Para celebrar seus dez anos, a Cervejaria Nacional relança a Drake’s Ale (R$ 32 o growler, pelo app da cervejaria), criada ainda nos temos da fábrica da Simão Álvares e vendida no finado Drake’s, pub de Pinheiros que ficava dentro do Centro Brasileiro Britânico. A receita, uma brown ale, com maltes torrados e notas de biscoito e café, foi a inspiração para a Kurupira, uma das cervejas fixas da casa. Com baixo teor alcoólico (4,2%) é uma cerveja de pouco amargor e fácil de beber. Mas o lançamento é sazonal e dura só até secar o tanque.

PinheirosR. Pedroso de Morais, 604, Pinheiros, tel. (11) 99712-5576 e (11) 2609-3993.

TatuapéR. Retiro Grande, 91, Tatuapé, tel.: (11) 94190-4335 e (11) 3798-0922.

Pedidos online pelo link deliveryapp.neemo.com.br/franquia/cervejaria-nacional.
Presente também nos aplicativos Google Play, iFood e Rappi.

Drake’s Ale, cerveja lançada para celebrar os dez anos da Cervejaria Nacional – Divulgação