Conclusão do caso Backer não deve influenciar na confiança às artesanais

A notícia do dia no setor cervejeiro era aguardada há algum tempo. Finalmente a Policia Civil de Minas Gerais encerrou o inquérito sobre o caso Backer e, nesta terça (9), anunciou o indiciamento de 11 pessoas, sete delas por homicídio culposo por conta da intoxicação de várias pessoas por dietilenoglicol, produto químico encontrado nas cervejas da marca.

Com a investigação, foi descartada a possibilidade de sabotagem e comprovada a manipulação indevida do produto químico. O vazamento que contaminou a bebida no tanque teria sido causado por uma falha na solda de uma peça, segundo o delegado Flávio Grossi.

De acordo com o inquérito foram 29 vítimas, sete delas morreram. Assim se encerra uma parte do caso Backer, e deve se iniciar outra, com tribunais, julgamentos e pedidos de indenizações. A Backer, claro, terá o direito de se defender judicialmente. Mas será difícil reverter a conclusão do inquérito de imperícia no uso do equipamento e descontrole no uso da substância.

E como fica o setor cervejeiro nessa? “Não houve nenhum impacto noticiado em vendas no setor por conta da Backer. Houve uma repercussão da mídia, mas o consumidor da cerveja artesanal entendeu ser um fato isolado”, opina Carlo Lapolli, presidente da Abracerva (Associação Brasileira de Cerveja Artesanal).

O caso da intoxicação com cervejas de alguns lotes de rótulos da Backer começou em janeiro. E realmente é provável que muitas artesanais, não tenham sentido o impacto. Talvez as mineiras, pela proximidade, tenham tido que lidar com uma desconfiança inicial. Mas logo também veio um problema ainda maior para o setor, a pandemia causada pelo coronavírus.

“Acho que o que o mercado tinha que ter sofrido, já foi, em janeiro e fevereiro éramos muito questionados por consumidores que visitavam a fábrica. Cinco meses depois, talvez o impacto para a gente de São Paulo seja pequeno, ou nulo”, avalia Luiza Tolosa, proprietária da Dádiva.

O mercado das cervejarias artesanais está em expansão (freada neste ano, como a maioria dos mercados), mas o que fica de lição do caso Backer é que o cuidado com o consumidor final ainda tem que ser a regra número 1. A Backer produzia mais de 800 mil litros por mês e já tinha linha de gim e de uísque. Esse crescimento desenfreado com o olho no lucro talvez tenha causado seu descuido, que acarretou mortes e pode ter sentenciado sua ruína.

E veja onde tomar um bom chope artesanal em São Paulo hoje. Cheers!