Confira 10 artesanais de 2020 que valem o repeteco; e a cerveja importada do ano

Sandro Macedo

Como tudo mais nessa vida, os lançamentos de cervejas artesanais também foram prejudicados pela pandemia de Covid-19 neste terrível 2020. Ainda assim, tivemos boas novidades no setor. A lista abaixo, evidentemente, inclui apenas cervejas que chegaram neste guichê. Assim explica-se a quase unanimidade de rótulos de São Paulo. E no final do post tem ainda a importação do ano. Confira.

Em tempo, as dez cervejas abaixo estão em ordem alfabética, não em ordem de preferência.

Amana – Oca Cervejaria
Cervejaria criada no fim de 2019, a Oca já tem seus lançamentos aguardados com ansiedade. Uma das boas novidades de 2020 foi a linha Maní, com New England IPAs turvas, de cor amarelo-palha, que exploram com eficiência uma comibinação de tapioca com aveia. A Amana é um dos três rótulos da série. Teor alcoólico: 8,4%.

Amber Galaxy – Casa Avós
Sempre com suas receitas que exploram o mundo das lagers, a Avós lançou esse refrescante rótulo da linha “small lagers”. A coloração um pouco mais escura pode sugerir uma versão mais forte. Ledo engano. A cor é fruto dos maltes utilizados em uma cerveja com apenas 2,3% de teor alcoólico. Pode até diminuir a moderação na hora de beber.

American Sour – Soma Cervejaria
A Soma Cervejaria inaugurou seu brewpub em plena pandemia na região de Moema, e nada como um brewpub para tomar uma cerveja fresca, saída do tanque. Um dos lançamentos da nova casa é essa american sour levíssima, com baixo amargor e apenas 3,6% de álcool. Ao paladar levemente ácido se junta o aroma de pêssego, que toma conta no copo.

Black Is Beautiful – Dádiva/EAP
Essa versão faz parte do projeto cervejeiro mais legal do ano (leia mais aqui), criado pela cervejaria texana Weathered Soul, fundada por negros, que chamava atenção para a desigualdade racial. Por trás da boa ideia tem também uma ótima cerveja do estilo imperial stout. Feita pela Dádiva em parceria com o bar Empório Alto dos Pinheiros, a receita com 10% de álcool incluiu cacau e amendoim na fórmula.

Bold Barista Maple Mocha – Bold Brewing
Uma das ótimas cervejarias artesanais do Brasil está em Fortaleza (Ceará), a Bold Brewing (que é cigana e produz cervejas em outros cantos, como São Paulo). É de lá que vem a interessante linha Barista, com receitas que incluem café na fórmula. A Maple Mocha é uma imperial stout que também usa lactose, formando um curioso “café com leite”, complementado com xarope de maple e calda de chocolate. Mas esse saboroso café deve deixar o cervejeiro relaxado: são 11% de teor alcoólico.

Dserve Blackberry – UX Brew
Utilizar lactose em cervejas não chega a ser novidade, mas em 2020  o número de experimentos com ela aumentou substancialmente. Uma das ótimas opções foi essa pastry sour IPA, da UX Brew, aromática, cremosa e com 6,2% de álcool. Além da lactose, o rótulo leva bolachas de champanhe, amora e baunilha (há ainda outra opção da linha, com goiaba no lugar da amora).

Ephemeral – Dádiva
A Dádiva lançou duas imperial sour da linha Epheremal, ambas com 10% de teor alcoólico. As sours são normalmente ácidas, azedinhas. Mas o segredo aqui é acrescentar baunilha na fórmula, dando mais equilíbrio. A melhor delas combina, além da baunilha, coco, goiaba e maracujá —a outra, que também vale um repeteco, mistura cacau, amora e mirtilo.

Nelson in Love (série) – Everbrew
Essa é uma dica que vale por várias. A Nelson in Love é uma cítrica New England IPA, ou juicy IPA, feita com o lúpulo neozelandês Nelson Sauvin, que traz características de uva verde. Já no fim do ano a Everbrew lançou uma linha com mais três novas Nelson in Love, combinando o Nelson Sauvin a outros lúpulos, que batizam as cervejas. Assim temos a Nelson in Love Motueka, a Southern Cross ou a Citra, Mosaic e Galaxy. Pode fechar os olhos e escolher qualquer uma delas que vai dar certo.

Pindorama – Cervejaria Central/Cirkus Brewery
Licença para incluir a Pindorama, que chegou no fim de 2019, mas só foi envasada (ou enlatada) em julho de 2020. É uma premium bitter clássica, que lembra as melhores inglesas do gênero, como a famosa (e querida) London Pride. Criada em parceria entre a Cervejaria Central e a Cirkus Brewery, tem uma cor mais acobreada e 5% de álcool. Dá para fechar o olho  e se imaginar no pub.

This Is Not a California Roll – Japas/Suricato
Lançada no Festival Brasileiro da Cerveja (de Blumenau), em 2020, essa é uma refrescante berliner weiss que brinca com os ingredientes do sushi. Com base de arroz e baixíssimo amargor, leva pepino e manga na fórmula. Ótima criação das cervejeiras da Japas, em parceria com os gaúchos da Suricato.

Firestone Walker – A importada do ano
A cervejaria da Califórnia, criada em 1996, aterrissou em maio deste ano por aqui. A marca trouxe duas linhas distintas. De um lado, cinco latas, uma lager e quatro IPAs, gênero queridinho de americanos e brasileiros. Mas a Firestone consegue variar bem dentro de estilo e chegar a diferentes resultados, que incluem a excelente e levíssima session IPA Easy Jack.

Na outra ponta, mais elaborada, a Firestone trouxe duas long necks ao gosto dos geeks cervejeiros. Um delas é a West Odnar, uma colaborativa com a belga Liefmans, que mandou uma de suas premiadas Goudenband para ser envelhecida em barris de carvalho americano e francês na cervejaria americana (se não entendeu nada, não tem problema). A outra é uma versão da Sour Opal, uma gueuze lambic, que passou por barris da uva viognier —essas são mais caras e podem chegar a R$ 175.

Easy IPA, um dos rótulos da americana Firestone Walker – Reprodução